quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Dn- Opinião Ricardo Oliveira

Era uma vez!

Os que matam as ambições regionais são os mesmos que dizem ter soluções para o país



 
O Manuel tem 16 anos. Filho de gente outrora remediada a quem o governo exige agora preço de saldo pelos terrenos que expropriou sem necessidade, fugiu das margens onde encalharam já muitos colegas de escola, agarrados aos vícios e à alienação permanente. Nos últimos meses prometeu à família desviar-se dos caminhos que levam à cadeia ou à casa de saúde, à ruína e à marginalidade. Educado e talentoso, jogava futebol como nenhum outro. Alimentava o sonho de saltar um dia destes para um dito 'grande' do mundo nem sempre generoso da bola. Cortaram-lhe a ambição. Os campeonatos dos escalões de formação não arrancaram e sem competição perdeu ritmo e espaço para mostrar o que vale. Liquidaram-lhe a esperança. Deixaram-no entregue aos perigos dos quais fugiu enquanto foi capaz.
Maria, a vizinha com quem namora, tem a mesma idade. Alimenta aspirações que rompem com o histórico familiar. É irmã mais nova de uma casa sempre muito povoada e que agora acolhe três jovens com estudos, mas desempregadas. Até há pouco tempo nadava até à exaustão. Fazia piscinas de olhar fixo nas medalhas, no sucesso e até nas olimpíadas do Brasil. Afogaram-lhe a vontade de triunfar. Acabaram de suspender todos os treinos e competições por não terem dinheiro para aquecer água e evitar pneumonias.
Resta-lhes a escola onde quase tudo falta, menos a vontade de ensinar, apesar da crescente desmotivação entre docentes. É no distante Liceu, onde é caro chegar de barriga vazia, que se aplicam nos estudos para serem o que ainda não sabem e não desiludirem quem os quer bem formados, homem e mulher de princípios, capazes de julgar sem ofender, de criticar sem desprezar e de sugerir sem humilhar.
Nasceram no tempo de fartura, em que muitos dos pais dos seus amigos coleccionavam cartões de crédito como baralhos de cartas e trocavam de carro para mostrar à vizinhança a vida risonha, assente no ter, esbanjar e consumir. Cresceram ao som de comícios eleitorais e dos rebentamentos que abriram túneis e o buraco que nos atormenta, do vaivém de máquinas que esventraram a natureza e dos semáforos de circunstância que empatavam passeios dominicais.
Não conheceram a ilha sinuosa escavada à mão, nem as lágrimas dos que iam ao aeroporto ou à Pontinha despedirem-se dos que partiam sem regresso marcado.
Mas suspeitam que o tempo volte para trás. Bastou-lhes ouvir com sacrifício por estes dias a mensagem apocalíptica de quem não tem soluções para libertar os madeirenses, mas que se perde a exibir dotes pseudoproféticos de salvação nacional.
Quando apanharam pela frente o responsável pelo estado a que a Madeira chegou morderam os lábios para não dizerem umas verdades. Sabiam que corriam o risco de expulsão, pena bem mais leve do que aquela que os espera. Temem que o vendedor de esperança lhes roube a dignidade e os sonhos, que os arranque da terra prometida para desterrá-los em lugares incertos...
Joe berardo, Empresário
Mais do que aconselhar Jardim a dar lugar a outro, denunciou "favores políticos".  Por sinal, é esta praga que mantém muitos no poder.
António Olim, Presidente de Machico
Lançou uma importante discussão  sobre pertenças territoriais até agora inquestionáveis. Será capaz de levá-la até às últimas consequências?
Idalina Perestrelo, Presidente da QUERCUS
Alertou para a incapacidade de quem devia zelar  pelo  ambiente  e não erradicou o amianto.  O crime carece de punição exemplar.
Sara André, Directora da  Fundação Juventude
Experimentou de novo o que já sabia, que a política é  fértil em ingratidão.  Mas também que quem decide não perdoa atrevimentos.
Pimenta de França, Presidente da IGA
Não tem culpa das obras feitas à pressa e que, apesar de chover a potes, as lagoas não encham.  Mas  não foge ao problema, o que é louvável.

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